sexta-feira, maio 10, 2019

OPERAÇÃO MAR ABERTO: DJ Jopin lavava dinheiro de sonegação de impostos através de empresa de eventos, diz polícia


We Do é uma das 11 empresas investigadas na Operação Mar Aberto. Delegada afirma que pai do artista é líder do esquema, que sonegou ao menos R$ 65 milhões.

Por Marina Meireles, G1 PE

DJ Jopin chegou acompanhado por policiais à sede do Draco, no Recife, nesta quinta (9) — Foto: Reprodução/TV Globo

Preso pela Operação Mar Aberto na quinta (9), José Pinteiro Júnior, conhecido como DJ Jopin, praticava lavagem de dinheiro e sonegação de impostos através de eventos promovidos pela empresa WeDo, que faz festas em praias do litoral pernambucano e monta camarotes em eventos como carnaval e São João. A empresa é uma das 11 que participavam do esquema, segundo detalhes divulgados nesta sexta (10) pela Polícia Civil.

A investigação aponta que pelo menos R$ 65 milhões foram sonegados. "Não há como especificar quanto foi movimentado e sonegado por cada uma das empresas, mas a movimentação financeira ao longo de cinco anos foi de R$ 358 milhões", afirmou a delegada Priscilla Von Sohsten, responsável pelas investigações. O G1 tenta contato com a We Do Eventos.

Segundo a Polícia Civil, o DJ Jopin era um dos nove integrantes de uma organização criminosa da qual o pai dele, o empresário José Pinteiro da Costa Neto, era o líder. "Ele não tinha conta bancária, mas o que chamava a atenção era o padrão de vida luxuoso e a fatura do cartão de crédito em torno de R$ 80 mil, R$ 90 mil", detalha a delegada.

A investigação aponta que os impostos eram sonegados e, para despistar, as quantias eram "lavadas". "Primeiro eles ocultavam o dinheiro, tiravam de circulação. Depois eles faziam com que o dinheiro circulasse por várias contas, para despistar. E, em seguida, reintegravam o valor comprando bens", detalha a delegada.

As investigações da Mar Aberto se iniciaram em 2017, mas as irregularidades começaram a ser observadas pela Secretaria da Fazenda (Sefaz) em 2012, com as constatações de 77 execuções fiscais em nome de José Pinteiro na Procuradoria-Geral do Estado.

Carros de luxo foram apreendidos durante a Operação Mar Aberto, da Polícia Civil de Pernambuco — Foto: Reprodução/WhatsApp

"Foram emitidos autos de infração e alguns comunicados sobre sonegação, que não foram pagos e somam um total de R$ 32 milhões", afirma o gerente-geral de operações estratégicas da Sefaz, Marcelo Bellei.

Além de pai e filho, o esquema criminoso também tinha a participação das seguintes pessoas:

·       Andrea Bandeira de Melo Pinteiro (esposa de José Pinteiro)
·       Victoria Bandeira de Melo Pinteiro (filha de José Pinteiro)
·       Aníbal Teixeira de Vasconcelos Pinteiro (sobrinho de José Pinteiro e sócio da We Do)
·       Adriana Bandeira Vieira de Melo (cunhada de José Pinteiro)
·       Rômulo Robérico Tavares Ramos (operador financeiro)
·       Patrícia de Lima Oliveira (esposa de Rômulo e "laranja")
·       Matheus Felipe Fonseca Nascimento ("laranja")

As defesas dos envolvidos não comentaram as acusações e informaram que vão entrar na Justiça com pedido de habeas corpus.

Investigação

A primeira empresa investigada, Belmar, tinha como sócios os empresários Júlio Machado e José Pinteiro.
"Júlio Machado morreu em 2009, mas um dos presos nessa operação assinava procurações em nome dele até 2012", diz a delegada.

De acordo com a delegada Priscilla Von Sohsten, Rômulo era o homem de confiança de José Pinteiro para assinar as procurações e fazer as transações financeiras para as contas de outros membros da família, com o objetivo de distanciar a verba sonegada das empresas.

"A esposa dele, Patrícia, era vendedora de cosméticos. O que chamou a atenção foi ela ter uma conta com cerca de R$ 4 milhões", afirma.

Além da WeDo e da Belmar, o estaleiro Ecomariner, que atua há mais de 20 anos na construção de lanchas na Zona Sul do Recife, também faz parte do esquema, segundo a polícia.

Durante os depoimentos, os alvos da operação preferiram não se pronunciar, mas permanecem presos preventivamente. Todos foram autuados por sonegação, lavagem de dinheiro e organização criminosa. 

Apreensões

Além das prisões, foram apreendidos 34 veículos, R$ 24 mil em espécie, obras de arte, relógios, joias e também foram bloqueados 15 imóveis. As investigações, segundo a delegada, devem continuar.

"Recebemos algumas denúncias anônimas com a deflagração da operação e vamos seguir investigando para tentar reaver os valores desviados de volta ao estado", diz Priscilla.

Segundo a Polícia Civil, a Ferrari apreendida e os quadros de Di Cavalcanti eram réplicas. O Maserati e o Porsche eram originais.


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